Acabei de ler o livro "O que eu vi, o que nós
veremos", escrito em 1917 (publicado em 1918) por Alberto Santos Dumont, o
pai da aviação para brasileiros e europeus. Impossível não admirar este
inventor, cientista, gerente de projetos e empreendedor (nascido em 20 de Julho
de 1873).
Desde jovem, SD (vou abreviar assim) já se interessava por
novidades e invenções. Talvez a inspiração tenha vindo da leitura dos livros de
Júlio Verne, a quem admirava como romancista e visionário.
SD veio de família e rica, e isto lhe deu mais oportunidades.
Financiamento para estudar, ir a Paris ver as grandes exposições e implementar
seus projetos e experimentos. Talvez Gladwell e outros tenham razão ao afirmar
que "rich get richer".
Mas o interesse do jovem SD não era dinheiro.Talvez fama
sim. E também ver suas ideias e projetos comentados em jornais, aplaudidos
presencialmente e utilizados para o bem da Humanidade.
Entendeu desde cedo que precisava estudar para inventar ou
por em prática suas ideias. Orientado por seu pai, procurou aprender com
especialistas em mecânica, física, química, eletricidade, etc.
Fez 14 protótipos de balões. Foi o primeiro a conseguir
dirigir um balão. O último dos protótipos deu sustentação ao aeroplano que
ficou conhecido como 14 Bis.
Era meticuloso e planejava soluções. Chegou a ficar 3 anos
sem levantar um protótipo. Após este tempo, veio o famoso 14 Bis. Estuda antes os
problemas que poderiam acontecer, e procurava melhorar cada item. Escolhia bem
seus assistentes. Aqueles que já tinham queimado balões não eram escolhidos.
E tratava bem mecânicos e operários. Quando ganhou o prêmio
Deutsch, deu metade para aqueles. A outra metade pediu para ser distribuída
entre milhares de famílias pobres de Paris. Realmente, seu objetivo não era lucrar
com aviões.
Foi visionário porque conseguiu antever que sua criação
poderia encurtar distâncias e diminuir tempos. Poderia levar pessoas, cargas e
correspondências através dos oceanos.
Anteviu e aconselhou que o avião seria utilizado em guerras.
E viu isto acontecer na 1a Guerra Mundial. Ao contrário do que muitos dizem, SD
era a favor do uso de aviões na guerra.
Foi visionário também porque aconselhou o presidente do
Brasil a investir na aeronáutica, tanto para construção de aviões quanto para
formação de pilotos e exércitos aéreos. Também viu a possibilidade de unificar
as Américas, contra o poderio europeu. Os aviões poderiam cruzar de norte a sul
as Américas, e ainda passar por sobre os Andes.
Morreu em 23 de Julho de 1932. Dizem que se enforcou ao ver
aviões usados para atacar o Campo de Marte, em São Paulo, durante a revolução
de 32.
Sua casa em Petrópolis, hoje é um museu. Vale a pena ver o
que ele inventou fora do contexto da aviação. Era mais inventor que aviador,
como ele mesmo disse sobre si.
Não é reconhecido nos EUA como inventor do avião, porque os
irmãos Wright (americanos), diziam ter feito experimentos (não documentados)
antes de SD.
Ganhou vários prêmios, medalhas, condecorações e cartas de
ilustres, como a Princesa Isabel. Mas talvez a maior consideração veio de uma
carta-homenagem de Thomas Edison, chamando-o de "O Bandeirante dos
Ares".
Nenhum comentário:
Postar um comentário