terça-feira, 11 de junho de 2013

Determinismo tecnológico e anti-tecnologia

Uma recente pesquisa ofereceu mil dólares para alguns adolescentes ficarem alguns dias sem internet. Alguns não aceitaram. O Homem trabalha para comprar controle remoto para poder fazer menos esforço. Não seria melhor voltarmos ao tempo das cavernas ? Menos poluição, mais sustentabilidade, menos stress.
Por que ter telefones que fazem tudo ? Por que estar conectado 24 horas ? Por que ler e-mails em todo lugar ? Por que ser avisado a toda hora se chegou post novo no twitter ? Por que queremos ler todos os posts no facebook ?
Estou vendo algumas iniciativas de pessoas que procuram diminuir o uso de tecnologias, seja definindo tempo para não usar tecnologia (dias ou horários), seja vivendo com menos apego material.
Domenico de Masi dissemina o Ócio criativo, procurando juntar trabalho, lazer e aprendizado. Ou seja, em tudo o que a gente fizer, temos que procurar aprender, nos divertir e ainda usar para nosso sustento.
Mas fazer isto presencialmente ou por rede ? Michio Kaku fala do princípio do Homem das Cavernas (caveman principle): queremos tocar e ver. A vida High Tech impõe Low Touch, mas as pessoas tendem a procurar high touch porque estão sendo oprimidas pelo high tech. Segundo este princípio ainda, jornal em papel, livros impressos e reuniões presenciais com amigos não irão acabar nunca. Por isto, o ciberturismo não deu certo (visitar lugares pela internet não é a mesma coisa que estar presente).
McLuhan já falava anos atrás (A Galáxia de Gutenberg) do poder de transformação da tecnologia e de como a Humanidade não está preparada para entender, prever e muito menos controlar tais mudanças.
Eric McLuhan  (filho do mais famoso) diz que as novas tecnologias, quando entram em funcionamento na sociedade, espalham-se como vírus (e causam danos).  
 Manuel Castells (A Sociedade em Rede) afirma que o fenômeno de informatização é irreversível e agrava-se com o novo liberalismo mundial, em que tudo é justificado em função do mercado. Estamos à deriva, como passageiros do barco da tecnologia (e quem está no comando ?). 
E a velocidade destas transformações acelera a cada ano. Ray Kurzweil fala em curva exponencial: tudo se desenvolve exponencialmente (aumento da população, avanço das tecnologias). Kurzweil defende que a Lei do Retorno Acelerado faz com que o feedback de informações acelere as descobertas e inovações.
Some-se a isto a Aldeia Global de McLuhan pai (a troca de informações globalizadas), a capacidade de armazenamento (nuvens sem limite) e recuperação de informações (Google), a diversificação de tipos de informações (youtube, podcasts, pinterest, instagram, google maps, mapas mentais, anagramas) e uma juventude multitarefa, impaciente e altamente conectada e digitalizada (Geração Y). Perdemos a noção de tempo e espaço. Podemos tudo agora e em qualquer lugar. 
E o próximo passo é perder a noção de Humanidade. McLuhan falou conotativamente que os meios de comunicação são extensões do Homem (do corpo humano). Agora já se fala em singularidade (Vernor Vinge e Ray Kurzweil): Homem e máquina serão um ser só, sem distinção. Já temos impressoras 3D fazendo partes do corpo, exoesqueletos para dar mais força, transmissão de dados por telepatia e leitura de frequências cerebrais (como em Avatar e Matrix).
O professor e cientista Kevin Warwick afirma que as máquinas serão mais fortes e mais inteligentes que os Homens. A única forma de o ser humano não ser dominado por elas é se juntando a elas, ou seja, seres ciborgues. Então ele já começou implantando chips em seu corpo, para controlar equipamentos à distância. Esta é a mesma preocupação de Isaac Asimov, que tanto escreveu sobre Robôs. 
Os McLuhan (pai e filho) identificaram as Leis da Mídia. Uma delas diz que as novas tecnologias tornam alguma coisa anterior obsoleta. Será que o Homem ficará obsoleto ?

O paradoxo da Humanidade é este: não podemos controlar nossas criações e seremos extintos por nossas próprias criações. 

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