Uma
recente pesquisa ofereceu mil dólares para alguns adolescentes ficarem alguns
dias sem internet. Alguns não aceitaram. O Homem
trabalha para comprar controle remoto para poder fazer menos esforço. Não
seria melhor voltarmos ao tempo das cavernas ? Menos
poluição, mais sustentabilidade, menos stress.
Por
que ter telefones que fazem tudo ? Por que estar conectado 24 horas ? Por que
ler e-mails em todo lugar ? Por que ser avisado a toda hora se chegou post novo
no twitter ? Por que queremos ler todos os posts no facebook ?
Estou
vendo algumas iniciativas de pessoas que procuram diminuir o uso de tecnologias,
seja definindo tempo para não usar tecnologia (dias ou horários), seja vivendo
com menos apego material.
Domenico
de Masi dissemina o Ócio criativo, procurando juntar trabalho, lazer e
aprendizado. Ou seja, em tudo o que a gente fizer, temos que procurar aprender,
nos divertir e ainda usar para nosso sustento.
Mas
fazer isto presencialmente ou por rede ? Michio Kaku fala do princípio do Homem
das Cavernas (caveman principle): queremos tocar e ver. A vida High Tech impõe Low
Touch, mas as pessoas tendem a procurar high touch porque
estão sendo oprimidas pelo high tech. Segundo
este princípio ainda, jornal em papel, livros impressos e reuniões presenciais
com amigos não irão acabar nunca. Por isto, o ciberturismo não deu certo
(visitar lugares pela internet não é a mesma coisa que estar presente).
McLuhan
já falava anos atrás (A Galáxia de Gutenberg) do poder de transformação da
tecnologia e de como a Humanidade não está preparada para entender, prever e
muito menos controlar tais mudanças.
Eric
McLuhan (filho do mais famoso) diz que as
novas tecnologias, quando entram em funcionamento na sociedade, espalham-se
como vírus (e causam danos).
Manuel
Castells (A Sociedade em Rede) afirma que o fenômeno de informatização é irreversível
e agrava-se com o novo liberalismo mundial, em que tudo é justificado em função
do mercado. Estamos à deriva, como passageiros do barco da tecnologia (e quem
está no comando ?).
E
a velocidade destas transformações acelera a cada ano. Ray Kurzweil fala em
curva exponencial: tudo se desenvolve exponencialmente (aumento da população, avanço
das tecnologias). Kurzweil defende que a Lei do Retorno Acelerado faz com que o
feedback de informações acelere as descobertas e inovações.
Some-se
a isto a Aldeia Global de McLuhan pai (a troca de informações globalizadas), a capacidade
de armazenamento (nuvens sem limite) e recuperação de informações (Google), a diversificação
de tipos de informações (youtube, podcasts, pinterest, instagram, google maps,
mapas mentais, anagramas) e uma juventude multitarefa, impaciente e altamente
conectada e digitalizada (Geração Y). Perdemos a noção de tempo e espaço. Podemos
tudo agora e em qualquer lugar.
E o
próximo passo é perder a noção de Humanidade. McLuhan falou conotativamente que
os meios de comunicação são extensões do Homem (do corpo humano). Agora já se
fala em singularidade (Vernor Vinge e Ray Kurzweil): Homem e máquina serão um
ser só, sem distinção. Já temos impressoras 3D fazendo partes do corpo,
exoesqueletos para dar mais força, transmissão de dados por telepatia e leitura
de frequências cerebrais (como em Avatar e Matrix).
O
professor e cientista Kevin Warwick afirma que as máquinas serão mais fortes e
mais inteligentes que os Homens. A única forma de o ser humano não ser dominado
por elas é se juntando a elas, ou seja, seres ciborgues. Então ele já começou
implantando chips em seu corpo, para controlar equipamentos à distância. Esta é
a mesma preocupação de Isaac Asimov, que tanto escreveu sobre Robôs.
Os
McLuhan (pai e filho) identificaram as Leis da Mídia. Uma delas diz que as
novas tecnologias tornam alguma coisa anterior obsoleta. Será que o Homem ficará
obsoleto ?
O
paradoxo da Humanidade é este: não podemos controlar nossas criações e seremos
extintos por nossas próprias criações.
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