quarta-feira, 11 de março de 2015

O problema do estoque e a solução: precisão de estoque (a importância de conhecer o que será comprado pelo cliente e quando)



Ter produtos em estoque é necessário para não perder uma venda. Se o cliente chegar na loja e não tiver o produto, ele vai procurar no concorrente e pode acostumar –se a comprar lá.
Mas ter estoque de produtos é um problema para qualquer empresa, pelos seguintes motivos:
a)      É necessário ter espaço para armazenar os produtos e isto custa dinheiro (alugar ou comprar salas ou centros de distribuição). Note como as farmácias estão diminuindo de tamanho.  
b)      Perda de produtos, por deterioração, se mal armazenados ou mal transportados, por furto ou roubo, por perda de validade. Quando um supermercado faz promoção de iogurte é possível que este esteja vencendo.
c)       Capital imobilizado. O capital de giro precisa ser grande, mas este é um dinheiro que só serve para isto (para comprar o que será depois revendido). Não pode ser utilizado para outros investimentos (aquisição ou manutenção da infraestrutura, capacitação  de pessoas, compra de máquinas)

A solução: estoque preciso

A solução está em ter um estoque preciso, ou seja, só comprar o que será vendido com certeza, para não ficar com produtos estocados. Isto pode ser alcançado por análise de histórico de vendas e identificação de padrões de rotatividade (saída ou venda) de produtos.
Vejamos um exemplo. Eu tenho problema de alergia nas axilas. Só conheço um desodorante que não me dá alergia. Mas é difícil encontrá-lo em farmácias (pela internet, é mais fácil). Mesmo assim encontrei o produto numa farmácia perto da minha casa. Todo mês (mais ou menos) compro uma unidade. Como é um produto pequeno e caro (importado), não vende muito. Desta forma, sempre que vou comprá-lo, só há uma unidade disponível. Se eu comprar numa semana, na semana seguinte a prateleira ainda estará vazia. Provavelmente porque não dá tempo de comprar uma nova unidade (o responsável pelas compras identifica que não há mais unidades daquele produto e solicita reposição). Sistemas de informação automatizados podem ajudar a dar alertas quando a quantidade de um produto zera ou quando chega no chamado estoque mínimo. Já há sistemas que, através de conexões diretas com sistemas de fornecedores, já solicitam automaticamente a reposição. Outros sistemas são programados para fazer compras periódicas (exemplo, uma vez por mês) de forma fixa (por exemplo, fixando a quantidade a ser adquirida para reposição).
A conclusão (por inferência) é que esta farmácia já utiliza algum sistema (automatizado ou controlado por humanos) para saber quanto de cada produto deve ser adquirido e quando.
Esta é uma parte da solução: ter um sistema que controla entrada (compra) e saída (venda) de produtos, que utiliza mineração de dados para identificar padrões na rotatividade e que então sugere quando e quanto comprar de cada unidade.

A cauda longa (the long tail)

Este fenômeno (descrito por Chris Anderson no livro de mesmo nome) está acontecendo cada vez mais nos nossos dias e é impulsionado pelo Comércio Eletrônico e pelas inovações em logística.
A situação é a seguinte: se você for numa revistaria verá revistas bastante especializadas. Por exemplo, revistas de esportes è revistas de esportes náuticos è revistas sobre lanchas. E todas vendem mas não na mesma proporção. Por exemplo, um restaurante de comida tailandesa só terá 10 mesas porque o seu público é restrito. Mas ele sobrevive porque consegue equacionar seus custos com as receitas calculadas pelo público pequeno e pela quantia gasta pelos clientes. O mesmo fenômeno é visto em programas de TV, produtos alimentícios, bebidas, etc.  Isto acontece porque há uma micro-segmentação de clientes e mercados (nichos), exigindo produtos muito especializados, ou seja, para clientes muito especiais (exemplo: cookies de chocolate e café para diabéticos e sem glúten). Como o público é menor (e assim também as vendas), a produção da indústria deve se adequar a esta demanda específica. Estamos saindo do mercado em escala ou massa (vendar a mesma coisa para todos).
A cauda longa é chamada assim, porque se fizermos um gráfico de Pareto (como o abaixo) para produtos vendidos, teremos o seguinte:
a)      Os produtos são barras verticais e sua altura representa a quantidade vendida do produto;
b)      Os produtos estão em ordem decrescente de venda, os mais vendidos à esquerda.



Pode-se notar que o gráfico diminui da esquerda para a direita. Esta imagem lembra um animal de frente para a esquerda e assim seu “rabo” ou “cauda” estaria na direita. Geralmente as empresas preferem comercializar somente os produtos mais à esquerda (os mais vendidos), para não ficar entulhadas de produtos em estoque que não vendem muito (e já falamos do problema do estoque acima).
Entretanto, o fenômeno discutido por Anderson é que justamente as empresas estão também vendendo os produtos mais à direita, e a lista destes produtos aumenta devido à micro-segmentação (por isto, a “cauda” aumenta e fica longa).
Mas por que e como vender estes produtos que não saem muito ? A Amazon já foi considerada a “livraria sem livros”. Quando ela começou, seu catálogo de livros para venda era grande (não tanto como hoje, mas já era grande) mas ela não tinha todos os livros em estoque. Quando um cliente clicava no botão “comprar”, aí a Amazon contatava o fornecedor para realizar a compra e então entregar ao cliente.
Veja o catálogo gigantesco de sites como NetShoes, Americanas, FastShop e etc. Então tais empresas trabalham com a “cauda longa” (vendem produtos muito especializados mas que saem pouco) mas mesmo assim não sofrem com o problema do estoque. Qual a fórmula mágica para isto ?

A importância da logística

Quando um cliente clica no botão “comprar” ele já sabe quando o produto vai chegar. Para a empresa, é importante informar quando o produto vai chegar no cliente para não perder o cliente (e também ter um prazo de entrega melhor que os concorrentes).
A ideia é calcular este tempo com base nas seguintes informações:
a)      Onde o produto se encontra;
b)      Qual o endereço de entrega;
c)       Quais os serviços de transporte disponíveis entre estes dois pontos.
Para traçar a melhor rota (além de um software implementado com métodos de inteligência artificial), é necessário ter parceiros, pois a empresa não pode adquirir caminhões, aviões, navios, etc. A tarefa de traçar a rota deve verificar quais serviços estão disponíveis e quando, para “encaixar” um deslocamento no outro. Por exemplo, um carro que levará o produto de onde ele se encontra até o aeroporto mais próximo, alguém para retirar o produto e colocá-lo no próximo voo, um caminhão para levar de uma cidade a outra e alguém para entregar na casa do cliente. Imagine este cálculo sendo feito em segundos por computadores.
Se o produto estiver com o fornecedor, tem-se que levar em conta o tempo também do fornecedor até a empresa que revende ou traçar uma rota direto do fornecedor para o cliente.

“Não dormir com o produto”

Ficar com o produto aumenta as chances do problema do estoque. É preciso ter parceiros para transporte rápido  e que se encaixem perfeitamente para que o produto não fique parado em algum lugar.
As empresas querem diminuir o número de Centros de Distribuição (CD) e definir melhor sua localização para minimizar o problema do estoque. Como pode ser demorado e caro trazer um produto de muito longe, ter os tais CDs pode ajudar na eficiência. Pode-se utilizar um software de simulação para saber qual a melhor solução para os casos médios (produtos que mais vendem). Mas como saber se é interessante guardar um produto num CD se ele não estiver entre os mais vendidos ?

A Amazon quer enviar o produto antes de o cliente comprá-lo

A notícia no link abaixo diz que a Amazon já tem uma patente para tal solução automatizada.
Afora a ficção científica, análises estatísticas (por exemplo, usando métodos de Data Mining, mineração de dados) podem ajudar a identificar que produtos são mais adquiridos em cada região e assim formar um estoque próximo. Já prever se um produto será adquirido exige conhecer cada cliente com bastante profundidade. Mas há métodos preditivos que calculam probabilidades de eventos ocorrerem com base em históricos (assim como as sugestões de próximas palavras do corretor ortográfico de um celular). Estes históricos podem ser da própria pessoa ou de uma maioria (sabedoria das massas).

Produção sob medida (just-in-time)

Outra solução para diminuir estoques é o Just-in-time na produção. O objetivo é produzir sob demanda, ou seja, somente depois que alguém realmente manifestou o interesse de adquirir o produto. A indústria automobilística já usa este método. Mas há uma certa demora na entrega porque o produto precisa ainda ser produzido (veja o caso da indústria automobilística: um carro solicitado na revenda pode demorar 45 dias para chegar).

Produção em casa

Com a chegada de impressoras 3D nos lares dos consumidores, será possível produzir em casa um produto. Par isto, será necessário ter o design (projeto detalhado) do produto para ser inserido na impressora. Isto faz nascer um novo mercado para designers e engenheiros: vender projetos de itens para serem produzidos pelo cliente.

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