sexta-feira, 10 de julho de 2015

Nova ordem econômica - parcerias e colaboração (grandes cooperativas)

Peter Drucker certa vez disse que "no futuro, haverá 2 ou 3 grandes dominando cada mercado".
Minha opinião é que há espaço para os pequenos. Eles serão parceiros dos grandes.

Jeremy Rifkin no seu livro "The Zero Marginal Cost Society: The Internet of Things, the Collaborative Commons, and the Eclipse of Capitalism" fala de uma nova ordem econômica. Ela será caracterizada pelo Prosumidor (aquele que consome mas também produz), criando um novo mercado, que integra empresas fornecedoras e clientes. Clientes irão consumir destes fornecedores mas ao mesmo tempo ajudá-los na produção ou distribuição.

Cidadão, faça você mesmo e venda. Mas seja parceiro de uma empresa.
Empresa, conquiste um cliente e peça sua ajuda.

Rifkin chama de "social/collaborative commons", este exército de pessoas comuns que irão colaborar entre si, com empresas e com a sociedade para gerar novos mercados. Esta seria a terceira força (além de governo e mercado).

Não são necessariamente filantropos, mas podem ser. É um mercado entre capitalismo e socialismo. Meio difícil de classificar ou entender. Mas ele existe e dá retorno financeiro.

Exemplos já existentes para representar este novo tipo de mercado:
a) produção de energia em residências (na Alemanha já é realidade cidadãos vendendo o excedente de sua produção caseira);
b) application stores (cada cliente pode fazer seu aplicativo e vender pela Apple ou Google Play);
c) impressão 3D em casa;
d) venda e distribuição de produtos, como fazem Avon e Natura;
e) sites para bandas novas divulgarem suas músicas (cliente pode fazer sua música e vender);
f) pessoas publicando seus livros e vendendo (Kindle Direct Publishing da Amazon) ;
g) hospitais que recomendam cuidadores para pacientes em residências;
h) empresas que recomendam entregadores (empresas para pequenas entregas);
i) empresas que recomendam montadores ou assistência técnica (móveis, aparelhos, etc);
j) Youtube, Google, Facebook, Twitter: pessoas produzem conteúdo;
k) AirBnB: aluguel de quartos da sua própria casa.


Vantagens deste novo tipo de mercado:

- diminui custos para empresas e depois para clientes
porque o cliente contribui fazendo parte do serviço e porque usa parte da sua infraestrutura

- diminui custos porque elimina atravessadores
quem quer comodidade vai pagar mais caro

- custo marginal zero (do Rifkin): custos iniciais com aprendizagem ou infraestrutura
depois custo é quase zero

- utilizar infraestrutura e conhecimento que já está disponível

- poder de produção e criatividade de clientes e pessoas comuns

- Internet das coisas físicas: como começou a Internet, ponto a ponto, cada um custeava ligação até outro ponto; imagine isto com redes de distribuição de energia, banda larga, telefone, entregas

- descentralização: cada um faz uma parte pequena e juntando tudo dá um todo enorme.

- novos tipos de empregos, negócios e renda
Segundo Rifkin, mais empregos que nos setores tradicionais e mais aumento que o PIB.


Desafios:

- para alguns mercados, cliente precisa conhecimento ou infraestrutura
empresas podem bancar estes custos iniciais para obter parceiros


Casos possíveis no futuro:

=> entrega, transporte, logística e distribuição
empresas de transporte, táxis, ônibus
+
motoboys, cidadãos comuns com seus carros e casas para armazenamento temporário
(revolução do Uber e outros)

=> ensino informal
universidades, escolas
+
professores free lance, cidadãos que possuam conhecimento ou expertise

=> segurança em bairros e cidades (feita em parte por vizinhos)
não justiça, nem prisões ou condenações



A pensar:

- como organizar de forma descentralizada tantas partes ?
"Quando as partes de um sistema se comportam de forma independente umas das outras, o comportamento coletivo do sistema é simples." E consequentemente o resultado do comportamento coletivo também é mais pobre e menos inteligente. "A complexidade do comportamento coletivo tem que ser menor do que a complexidade do indivíduo que controla o todo." Um indivíduo, para controlar um grupo maior, não pode deixar o grupo ser mais inteligente que ele mesmo. "Organismos que são menos complexos que as demandas do ambiente têm menos probabilidade de sobrevivência." Precisam aumentar sua complexidade para se adaptarem. Aprendi com o artigo abaixo: Y. Bar-Yam, Complexity rising: From human beings to human civilization, a complexity profile, Encyclopedia of Life Support Systems (EOLSS UNESCO Publishers, Oxford, UK, 2002); also NECSI Report 1997-12-01 (1997).


- como utilizar quem trabalha por free lance e por serviço ?
tradutores, programadores, designers, arquitetos, consultores, alguns jornalistas e produtores de mídia, engenheiros e projetistas, pedreiros, pessoal de limpeza

- pessoa vai no supermercado e já faz compras para vizinhos

- alguém vai viajar para visitar parentes em outra cidade e já leva encomendas de um estranho
(negociado pela internet); precisa confiança

- utiliza poder de grandes centros urbanos conforme pensamento do Geoffrey West ???
necessidade de infraestrutura cresce abaixo do crescimento da população

- como conseguir engajamento do paciente no tratamento ?

- como fazer cooperativas de conhecimento ?

2 comentários:

Oscar Kronmeyer disse...

Stanley, que qualidade de análise. Meus cumprimentos.
Valioso instrumento de sincronização com a realidade emergente.
Meus parabéns, estimado amigo.

Forte abraço.

Oscar Kronmeyer
oscar@kronmeyer.com.br
51-99180590

Ensino disse...

Parabéns professor sempre um passo a frente com informações e orientações muito esclarecedoras! Lembro muito bem de um comentário seu em sala de aula, logo quando a internet estava começando no Brasil, você falou assim: "pessoal fiquem atentos, a internet é uma grande oportunidade de trabalho para o futuro". Uma lástima que eu não dei a devida importância na época.
Um grande abraço,
Valter Silva
VNS Consulting
51 9991-5369