Por que fãs são fiéis às marcas ?
Estou pesquisando e comparando religiões com marcas, e como
estas conseguem atrair e manter fãs e clientes fiéis. Estou me baseando em
marcas de produtos como Apple, Ferrari e Coca-Cola, mas também considero marcas
Star Wars, Star Trek, Harry Potter, Beatles e times de futebol. E tenho estudo
muito sobre religiões, crenças e o conceito de Deus.
Tenho notado várias semelhanças entre as religiões e as
marcas, e o resultado deste estudo irei publicar ano que vem num livro.
Por enquanto, posso adiantar uma descoberta que achei
interessante: a possível origem da fidelidade às marcas. Este fenômeno pode ter
vindo de fenômenos parecidos tais como a transposição do politeísmo para o
monoteísmo e o surgimento da monogamia entre os animais.
Então aí vão minhas hipóteses para a fidelidade de marca:
Hipótese 1:
Assim, como o politeísmo gerou o monoteísmo como uma forma
de unificação de grupos, diminuição de conflitos internos e eliminação de alternativas
éticas conflitantes, a fidelidade à marca também pode ter surgido como uma
forma de entendimento ou senso comum entre fãs, para diminuir conflitos.
Inclusive, fãs que aceitam outras marcas (por exemplo, concorrentes) são
excluídos ou perdem poder no grupo.
Hipótese 2:
Assim como a monogamia pode ter surgido para evitar o
infanticídio, já que um macho matava a prole do outro por ciúme ou para ter
mais atenção da fêmea, a fidelidade a uma marca pode ter surgido da sensação de
que a marca é uma espécie de “filha” (ou mãe ou parente) dos fãs. Então, os fãs
podem ter um sentimento para cuidar que a aceitação de outras marcas não acabe “matando”
a marca mais querida (como uma filha ou mãe). Por exemplo, o fã que ama Samsung
não aceitaria uma parceria com a Apple porque isto poderia acabar com os
produtos da Samsung (a marca mais forte sobrepujaria a menor). E por esta razão,
este tipo de fã rejeita outras marcas mais fortes e por isto é fiel.
Hipótese 3:
A monogamia pelos machos pode ter surgido pelo alto custo de
manter ou dar atenção a várias fêmeas. Assim também pode ter surgido o
monoteísmo ou associação a somente uma religião: é muito custoso seguir os
rituais de duas religiões, ir a diferentes cultos, participar de diferentes
grupos sociais e com éticas diferentes.
Portanto, também é custoso para uma pessoa ser fã de várias
marcas concorrentes. Por exemplo, ninguém vai comprar eletrônicos de marcas
diferentes se há dificuldade de comunicação, integração ou compatibilidade. Ter
2 celulares de marcas diferentes, talvez exija ter acessórios (ex. carregador, smartwatch)
diferentes para cada marca (replicação de recursos). Da mesma forma, imagine um
fã de banda de rock que queira ir a todos os shows de suas (no plural) bandas
favoritas; sairia muito caro. A fidelidade a uma marca então surge como um
apaziguador da alma, uma desculpa para aceitação da situação (“não vou a outros
shows, não porque não quero gastar ou não tenho dinheiro, mas porque só gosto de
uma banda”).
Hipótese 4:
A fidelidade a uma marca também pode ter surgido da
necessidade ou do sentimento de diminuir custos com decisões. A fidelidade a
uma marca facilita escolher, ou seja, você não precisa escolher a marca.
Exemplo: quem se apegou à marca Tommy Hilfiger tenderá a comprar roupas e
acessórios somente desta marca. Não há por que ficar procurando e pesquisando
preços. Basta ir somente a uma loja e escolher entre as opções que a marca lhe
oferece. É muito mais fácil, rápido e prático.
Hipóteses menores
Outras hipóteses podem ter contribuído para o monoteísmo e
para a monogamia, e assim também podem influenciar a fidelidade a uma marca.
Há a cultura que vem dos pais, pressionando ou persuadindo a
criança a ser fiel a uma religião. Há a cultura entre alguns casais para
respeitar a monogamia. Isto serve de aprendizado para a criança que forma um
conceito forte. E isto pode se refletir em outras fidelidades ainda durante a
infância ou adolescência. Amar seu colégio. Defender seus amigos. E depois, a
fidelidade a marcas de roupas, tênis e ao time do coração.
Outra hipótese menor pode ser o desejo de status, fama e
poder. Fazer parte de um grupo forte (o do Deus maior) dá um sentimento de
poder e confiança em batalhas e no futuro. Ser fiel a uma marca famosa, rica e
onipresente, faz gerar sentimentos de pertencer a castas superiores.
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