Segundo
Winston (2006), o comportamento humano é influenciado por genes
(instintos) e pelo ambiente em que vivemos. Nada está pré-definido,
apesar de alguns autores acreditarem que não existe livre arbítrio
e livre vontade no nosso cérebro. Por outro lado, autores como
Dawkins (2007) afirmam que nossos genes servem como predisposição
para aprender e adaptar-se a novas situações; os genes são
roteiristas de filmes, mas diretor e atores podem mudar rumos.
Winston (2006) acredita que nosso desenvolvimento depende da cultura
e das pessoas à nossa volta.
Tooby e
Cosmides (1992) definem cultura como um conjunto de “práticas de
comportamento amplamente distribuídas ou quase universais de grupo,
incluindo crenças, sistemas de ideação, sistemas de símbolos
significantes ou substâncias informacionais de algum tipo.” A
cultura é mantida e transmitida pelo grupo, explicando assim
similaridades intra-grupo e diferenças entre grupos. A cultura é
replicada de geração para geração, através de aprendizado,
podendo ser chamado de socialização. O indivíduo é mais ou menos
um receptor passivo da cultura e é produto da cultura.
Para
Hofstede (2001), cultura é a programação coletiva da mente que
distingue um grupo ou categoria de outro. É um fenômeno coletivo,
porque é compartilhado por pessoas que vivem ou viveram no mesmo
ambiente social, no qual a cultura foi aprendida. A cultura é
aprendida e não herdada; deriva do ambiente social e não dos genes.
Para
Hofstede (2001) existem diferentes camadas culturais, sendo que cada
pessoa pertence a diferentes grupos ou categorias ao mesmo tempo. As
camadas culturais incluem a família, o país, a região onde a
pessoa nasceu ou mora, a geração (faixa etária), o gênero (se
masculino ou feminino), o nível ou classe social e a cultura
organizacional (interna à empresa).
Para
Hoftstede (2001, 2011), exitem 6 dimensões culturais independentes,
associadas às distinções feitas pela sociologia organizacional.
Estas dimensões a maior parte das práticas no meio social,
especialmente dentro de organizações. Estas dimensões podem ser
utilizadas para descrever as culturas organizacionais. As 6 dimensões
são:
1.
Distância ao Poder: como pessoas e instituições aceitam as
diferenças de poder;
2.
Anulação da incerteza: como pessoas se relacionam com um futuro
desconhecido ou incerto, para estarem ou não confortáveis com isto;
3.
Individualismo X Coletivismo: como é a integração e o trabalho
conjunto entre indivíduos;
4.
Machismo X Feminismo: divisão de papéis entre homens e mulheres;
5.
Orientação de longo X curto prazo: relacionada com as escolhas,
focadas no presente e passado ou no futuro;
6.
Indulgência X limitação: relacionada à gratificação e ao
controle de desejos básicos.
Hofstede
avaliou e comparou países em cada uma das dimensões. No caso da
distância ao poder: o primeiro país do ranking (com maior distância
de poder) é a Malásia, seguida de Guatemala, Panamá, Filipinas,
México, etc. O está Brasil em 14o lugar, enquanto que EUA está em
38o. Os últimos da lista de Hofstede são Israel em 52o e Áustria
em 53o. Culturas com maior distância de poder, fazem distinção
entre mais velhos e mais jovens. Aqueles são respeitados e temidos.
Os jovens encaram naturalmente a obediência aos mais velhos. A
educação está centrada no professor e há uma forte hierarquia.
Subordinados esperam ser orientados sobre o que fazer.
Quanto à
dimensão individualismo X coletivismo, os países onde as pessoas
são mais individualistas são EUA, Austrália, Grã-Bretanha,
Canadá, Holanda, Nova Zelândia e Itália. O Brasil encontra-se em
26o lugar. Pessoas de países de língua espanhola são mais
colaborativas.
Em outra
dimensão, os países com culturas mais machistas são Japão,
Áustria, Venezuela, Itália e Suíça. Os menos machistas são:
Dinamarca, Holanda, Noruega e Suécia. O Brasil está em 27o lugar.
No que se
refere a lidar com a incerteza, os países com maior grau de anulação
de incerteza são Grécia, Portugal, Guatemala e Uruguai. O Brasil
está em 22o lugar enquanto que Jamaica e Singapura estão
lá embaixo na lista. Uma forte anulação de incerteza significa que
a incerteza é encarada como algo contínuo contra que se deve lutar.
Há mais stress, ansiedade e neuroticismo. Há índices menores de
satisfação, bem-estar e saúde. Há mais intolerância com pessoas
e ideias. Em termos de educação, os professores são considerados
oniscientes.
Quanto à
dimensão de orientação, culturas com orientação a longo prazo
dão mais importância a eventos futuros do que passados. Procuram
olhar para o futuro, aprender com outros países e acreditam que bem
e mal dependem das circunstâncias. Já as culturas com orientação
a curto prazo acreditam que os eventos mais importantes acontecem no
passado ou no presente, que a tradição não deve ser alterada, que
as pessoas não devem mudar e que há orientações universais sobre
bem e mal. Possuem maior orgulho do país que nas culturas orientadas
a longo prazo. Os primeiros países do ranking (com alto grau de
orientação a longo prazo) são os asiáticos, entre eles China,
Hong Kong, Taiwan, Japão, Coréio do Sul, Índia, Tailândia e
Singapura. O Brasil encontra-se em 6o lugar.
Oriente
X Ocidente
Uma das
maiores diferenças está entre as culturas de povos do oriente e
povos do ocidente. Abaixo segue uma tabela que resume as diferenças
entre estas culturas, como exposto pelo documentário produzido e
dirigido por Jeong-Ook Lee e escrito por Kim Myung-Jin (2008).
Referências:
DAWKINS, Richard. O
Gene Egoísta.Companhia das Letras, 2007.
HOFSTEDE, Geert H.
Culture's Consequences: Comparing Values, Behaviors, Institutions and
Organizations Across Nations. SAGE, 2001.
HOFSTEDE, Geert H.
Dimensionalizing Cultures: The Hofstede Model in Context. Online
Readings in Psychology and Culture, v.2, n.1, 2011.
LEE, Jeong-Ook;
MYUNG-JIN, Kim. The East and the West. EBS Documentary by Korea
Educational Broadcast
System, 2008.
TOOBY, John; COSMIDES,
Leda. The psychological foundations of culture. p.19-136.
In: BARKOW, Jerome H.;
COSMIDES, Leda; TOOBY, John (eds.). The Adapted Mind: Evolutionary
Psychology and the Generation of Culture.
New York: Oxford
University Press, 1992.
WINSTON, Robert.
Instinto humano. São Paulo: Globo, 2006.
2 comentários:
Outro modelo para avaliar cultura de países (modelo de Lewis)
http://www.businessinsider.com/the-lewis-model-2013-9
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