O objetivo deste texto não é explorar questões biológicas ou
neurológicas sobre o funcionamento do cérebro para que possamos criar algo novo
ou resolver problemas. A ideia é tentar categorizar os processos cognitivos que
podem levar ao conhecimento novo, às descobertas, a soluções de problemas e
aumento da inteligência.
Apesar de alguns autores acreditarem que descobertas,
invenções e soluções podem surgir por acaso (por serendipity), minha percepção
é diferente. É falso acreditar que Arquimedes resolveu o problema do Rei sem nada
saber. Antes, ele estudou muito o problema e possíveis soluções. Mesmo aqueles
que sonharam com soluções é porque estavam, durante o dia, colhendo
informações. Talvez o momento Eurekha tenha sido a junção das peças do
quebra-cabeça (como Koestler e Johnson dizem ser um dos passos essenciais para
a criatividade). Mas então antes era preciso colher e analisar as peças.
Da mesma forma, Kekulé sonhou com uma estrutura química a
partir de conhecimentos que já tinha. Newton não descobriu a Teoria da
Gravidade apenas olhando uma maçã cair. Este foi o evento que talvez tenha
representado melhor o problema para ele. Mas seus anos de estudos anteriores
foram imprescindíveis. E Pasteur só descobriu a penicilina porque teve
curiosidade e observou o que tinha acontecido na sua lâmina de ensaios durante
sua ausência.
Muitos casos tidos como descobertas ao acaso são relatados no livro de
Royson Roberts (Serendipity). Mas certamente cada caso pode encaixar-se em pelo
menos um dos processos mentais categorizados neste texto.
A sorte favorece a mente preparada (frase associada a Pasteur por vários
autores). Isto quer dizer que, para descobrir algo por acaso, é preciso ter
informações, hipóteses, testes, ideias, etc. É preciso testar, experimentar,
observar, perguntar, etc.
Na sequência deste texto, eu tento categorizar os diferentes
processos cognitivos que podem nos ajudar na busca por soluções, conhecimento,
descobertas e invenções.
Provavelmente uma postagem futura tratará de processos
biológicos e neurológicos. Aí poderemos falar de como o café e o cochilo ajudam
a criatividade, como funcionam os 2 hemisférios cerebrais, de onde exatamente no
nosso corpo vêm as boas ideias. E também há espaço para falar da importância da
colaboração e das redes sociais. Os livros de Alex Pentland (Social Physics),
Koestler (O Ato da Criação) e Johnson (De onde vêm as boas ideias) são
referências básicas neste assunto.
Tentativa e erro
Uma das primeiras formas de resolver problemas foi a
tentativa e erro, já utilizada por nossos antepassados do gênero Homo e por
outros animais. Pegar uma pedra para quebrar algo e se não der certo procurar
outra maior, parecem ser atitudes instintivas.
O interessante deste processo mental é que ele gera memória.
Uma memória associativa (lembrar da pedra quando vir o mesmo objeto ou
objetivo) e uma memória de recompensa ou erro (se deu certo ou não), o que irá
influenciar o comportamento futuro, gerando conhecimento novo.
O problema da tentativa e erro é o desgaste. Um projeto de
solução poderia avaliar os resultados prováveis e nos levar às alternativas
mais promissoras.
Instintos
Os instintos são reflexos de nossos genes e alguns estão
enraizados em nós desde o tempo das savanas (antes das cavernas), sendo
transmitidos de geração em geração por milhares de anos. Winston (2006) discute
diversos tipos de instintos, desde os envolvidos com acasalamento e reprodução,
até o medo, a fome, a agressividade e raiva, a necessidade de sobrevivência e o
egoísmo e cooperação.
Instintos envolvem reações químicas que avisam o cérebro
sobre acontecimentos. E o cérebro repassa a informação para outros órgãos. Isto
é fruto da seleção natural, por milhões de anos aprimorando os seres para
adaptação ao meio em que vivem. Por exemplo, uma criança (ou qualquer outro
animal) ter medo de cobra e não ter medo de uma flor, sem ter visto antes uma
cobra ou uma flor; isto acontece sem que haja experiências anteriores. É
instinto e está registrado em nossos genes.
Conforme Dawkins (2007) e Winston (2006) muito do nosso
comportamento é moldado por genes. A escolha de um parceiro sexual é
influenciada pelos instintos. Recebemos dados do parceiro (cheiro, timbre de
voz, aparência) e isto desencadeia reações internas no corpo, as quais nos
predispõem para algumas escolhas. Nenês choram quando estão com fome, sem
precisar se dar conta que estão com fome. Os instintos nos ajudam a tomar
decisões rápidas, quando não há tempo para pensar. O medo para fugir, o
instinto de pegar algo que está caindo, a fuga do fogo, o agradecimento com um
sorriso.
Entretanto, os genes não dizem o que devemos fazer numa
determinada situação, apenas nos dão predisposição para aprendermos e
adaptarmo-nos a novas situações, influenciando assim nossas decisões. Mas
sempre há escolhas que podem ser feitas com base em crenças e princípios, ou
mesmo através da lógica, contrariando os instintos.
Apesar da grande influência dos nossos genes, também
aprendemos com a cultura e experiência, e somos influenciados pelo meio em que
crescemos e vivemos. O sorriso pode sair de forma espontânea, mas também
podemos treiná-lo para sermos cordiais e certamente isto é aprendido na
família. Segundo Dawkins, nossos genes poderão nos instruir a ser egoístas, mas
não estamos necessariamente compelidos a obedecê-los por toda nossa vida. Somos
produtos dos genes e do meio em que vivemos. Uma combinação de ambos. Ora nos
comportamos como homens e mulheres das cavernas, ora como “pessoas
civilizadas”. David Shenk no livro "O Gênio em todos nós" explica
melhor a combinação de genes e cultura (nature X nurture).
O uso dos instintos é ainda um processo mental pouco
conhecido e muito dependente da nossa estrutura biológica e neurológica. Por
esta, razão não vamos aprofundá-lo aqui neste texto. Talvez seja uma combinação
da tentativa e erro com a memória.
Imitação, cópia e observação
Provavelmente os homens primitivos começaram a comer carne
(o que permitiu o aumento do cérebro e da inteligência) vendo outros animais
(predadores e aqueles posicionados mais no topo da cadeia alimentar) fazendo o
mesmo. E os imitou.
A imitação ou cópia precisa de outro processo mental que é a
observação, seja do ambiente, de objetos ou do que outros indivíduos estão
fazendo.
A imitação ou cópia gera novo conhecimento porque começamos
a repetir algo sem mesmo saber se é bom, se vai dar certo. É um processo que se
combina com a memória e a experimentação e prototipação, como discutiremos
adiante.
Newton e Galileu fizeram da observação um dos seus meios
principais de entendimento do universo e suas leis.
Malcolm Gladwell, no livro "O Ponto da Virada",
fala sobre o poder da imitação na disseminação de conhecimento, hábitos e
influência das pessoas.
Memória
A memória basicamente é um mecanismo de recuperação de
informações que nos permite repetir coisas que deram certo ou evitar coisas que
deram errado. Por si só, ela já é composta de conhecimento. Mas a forma como a
usamos para criar soluções ou inventar coisas ainda é pouco entendida.
Segundo Ivan Izquierdo, as memórias não são gravadas na sua
forma definitiva e são muito mais sensíveis à facilitação ou inibição logo após
sua aquisição, funcionando como um filtro do que será armazenado. São também
sensíveis à incorporação de informação adicional nos primeiros
minutos ou horas após a aquisição. Essa informação pode ser acrescentada, tanto
por substâncias endógenas liberadas pela própria experiência (b-endorfina,
adrenalina, etc.), como por outras experiências que deixam memórias. Por isto
que as memórias adquiridas em estado de alerta e com certa carga emocional ou
afetiva são melhor lembradas que as memórias de fatos inexpressivos ou
adquiridas em estado de sonolência. Mas um cochilo ajuda a memorizar, segundo
Gais et al. (2006).
Segundo Gais et al. ainda, a recuperação da memória é desencadeada
por algum estímulo semelhante àqueles inerentes a cada experiência. Algumas
memórias requerem muitos estímulos para serem lembradas: é o caso das memórias
de atos-motores elaborados ou complexos, ou de procedimentos com muitas regras
Conforme Zacks, organizamos a atividade mental em uma hierarquia
de eventos, colocamos fronteiras para dividir e entender partes, pois isto nos
ajuda a memorizar e aprender, entender o contexto e a sequência, a lidar com
interrupções.
Segundo Izquierdo, temos os seguintes tipos de memórias:
• Memória
sensorial: é a informação de entrada, recebida
do meio-ambiente pelos sentidos;
• Memória
Rápida ou de Curto Termo: dura entre 10 segundos e 6 horas; é onde são
depositadas informações recebidas da entrada ou que irá para a saída; a
quantidade de "nacos" (chunks) de informações armazenada é de 7 ± 2,
ou seja, ao se captar um certo número de informações por um dos sentidos de
entrada, a memória de curto termo guarda em média 7 destas informações com uma
variação média de 2, ou seja, entre 5 e 9 (conforme George Miller, 1956).
• Memória
de Trabalho ou Temporária: é o “meio de campo” entre memória rápida e
permanente; organiza os dados recebidos, filtra e manda para a permanente, recupera
da permanente para a rápida e faz associações;
• Memória
Permanente ou de Longo Termo: é a que fica o tempo mas é limitada e por isto
substitui as antigas pelas novas.
Segundo Pentland, o limite do nosso cérebro e portanto da
nossa inteligência está no consumo de energia. Não conseguimos produzir mais
energia para o cérebro. Isto porque (conforme Winston) nosso cérebro tem 2% do
tamanho do corpo mas consome 20% da energia.A ideia de Pentland é suprir esta
energia com fontes externas ao corpo.
Conforme Stern (2014), aí vão algumas dicas para memorizar
melhor:
1) cada vez que você recupera uma memória, o cérebro altera
a memória integrando novas informações, talvez incluindo seu estado de humor no
momento;
2) o momento da recuperação pode deturpar a memória e
alterar o evento que estamos recordando;
3) neurocientistas conseguiram alterar a memória de ratos.
No caso, o experimento era lembrar qual cômodo era seguro;
4) experimentos com ratos provaram que é possível herdar
memória de nossos pais e talvez até de nosso avós;
5) cafeína pode ajudar na recuperação de memória recente,
mas só funciona com quem não bebe cafeína regularmente.
E
também: procure colocar os itens a serem memorizados num contexto. Por exemplo,
pode-se contar uma história para facilitar as associações e depois a
recuperação.
Eu
disse que não ia falar em processos biológicos ou neurológicos, mas acabei
tocando no assunto.
Experimentação e encenação
Consiste em repetir gestos, movimentos ou então criar
protótipos de objetos ou soluções.
Ajuda porque permite recriar um ambiente ou situação e
pensar nos detalhes do problema existente ou na solução provável.
A experimentação pode ser estimulada pela leitura ou por
outros sentidos. Ao ler, estimulamos as mesmas áreas cerebrais como se
estivéssemos tendo a experiência (conforme Speer e outros).
É por isto que muito se fala hoje em dia de "storytelling". Esta é uma forma
bastante eficiente de construir conhecimento em outra pessoa. Uma pessoa toma
como verdade o que os outros dizem. A tradição de passar conhecimento via oral
é anterior à escrita mas continua hoje em dia, através de livros e filmes.
Agora com a tecnologia, o meio de transmissão incorpora elementos como Internet
e redes sociais.
Representação Simbólica
Esta representação é feita através de signos, que podem ser
desenhos ou textos. Funciona como uma memória auxiliar e começou há no mínimo
50 mil anos atrás, quando os homens primitivos começaram a fazer riscos nas
pedras, madeiras, ossos e paredes. Depois evoluiu para desenhos mais refinados
e esculturas. Mas antes disto já havia colares de conchas, o que de certa forma
também são representações simbólicas.
O simbolismo não leva diretamente a novo conhecimento
(precisa ser manipulado) mas ajuda em outros processos cognitivos, como por
exemplo o raciocínio lógico e a memorização.
Sentidos, experiência e observação do meio - Empirismo
O homem descobriu que o fogo queima experimentando e não
porque ouviu alguém falar sobre isto ou porque observou alguém se queimando.
Apesar de que hoje em dia, este já virou um conhecimento de senso comum e
ninguém precisa colocar o dedo na chama para saber o que acontece.
Os defensores do Empirismo, como Francis Bacon e David Hume
, acreditavam que a origem do conhecimento vem da experiência dos sentidos
(visão, audição, tato, olfato, paladar) e somente desta.
John Locke formula a teoria da "tábua rasa",
afirmando que todas as pessoas nascem sem conhecimento algum (i.e. a mente é,
inicialmente, como uma "folha em branco"), e todo o processo do
conhecer, do saber e do agir é aprendido através da experiência.
Lógica e raciocínio - Racionalismo
Contrapondo o Empirismo, os defensores do Racionalismo
acreditam que a origem do conhecimento se encontra na razão, tido como o único
e exclusivo instrumento capaz de conhecer verdades universais. Entre os
principais defensores está René Descartes (1596-1650), autor da famosa frase:
“Penso, logo existo.”
A Indução funciona assim: partindo das observações, criamos
teorias (princípios explanatórios).
Já a Dedução parte da teoria ou regras para gerar novos
conhecimentos.
Exemplo: se observarmos que
A1 é P
A2 é P
A3 é P
Podemos induzir uma regra tal que "Todos A´s são
P".
Por exemplo: se virmos uma ave voando, depois outra, mais
outra e assim por diante, podemos chegar na regra "toda ave voa".
O problema está na confirmação da hipótese. E o próximo A ? A
próxima ave que encontrarmos também voará ? Pode haver exceções como o pinguim.
Em geral, este tipo de descoberta acontece com amostras dos
dados. Então, devemos extrapolar as amostras, tentando observar a regra em toda
a base ou em amostras maiores ou em outras amostras.
Por exemplo, uma fabricante de cosméticos descobriu, numa
amostra de vendas feitas no último mês, que 70% das mulheres estavam comprando
os produtos X e Y juntos. Está é a indução. Agora eles devem fazer a dedução,
ou seja, a observação de novos casos, por exemplo, nos meses seguintes. Isto
poderá confirmar a hipótese ou mostrar que era apenas um evento passageiro,
relativo somente àquele período. A confirmação da hipótese pode ser feito encontrando
uma relação estatística entre X e Y.
A Dedução pode utilizar dois modos:
P è Q
P sendo verdadeiro, Q também será
(podemos deduzir Q de P e da regra)
Ex.: Para todo peixe, Se é peixe Então vive na água.
Se XYZ é peixe, então XYZ vive na água.
P è Q
se Q é falso (não Q)
Então P também é falso
Ex.: Para todo peixe, Se é peixe Então voa.
Se XYZ não vive na água, então XYZ não é peixe.
Método
Cartesiano - o método de René
Descartes
Passos ou preceitos:
1.
Nunca aceitar algo como verdadeiro sem conhecer;
receber as informações com ceticismo, examinando sua racionalidade e sua
justificação. Verificar a verdade, a boa procedência daquilo que se investiga –
aceitar o que seja indubitável, apenas.
2.
Análise, ou divisão do assunto em tantas partes
quanto possível e necessário; dividir cada uma das dificuldades em tantas
partes quanto for possível e necessário para melhor entendê-las e resolvê-las;
3.
Síntese, ou elaboração progressiva de conclusões
abrangentes e ordenadas a partir de objetos mais simples e fáceis até os mais
complexos e difíceis.
4.
Enumerar e revisar minuciosamente as conclusões,
garantindo que nada seja omitido e que a coerência geral exista.
Exemplo:
Uma empresa está enfrentando furtos em seu armazém.
A análise consiste em identificar as partes envolvidas.
Neste caso, a situação envolve não só funcionários mas também pessoas de fora
da empresa, que podem estar entrando sem autorização sem ninguém. Mas também há
funcionários de fornecedores que eventualmente e por curto tempo entram na
empresa (por exemplo, para usar o banheiro). Este conjunto de elementos, é
claro, está relacionado a um conjunto de hipóteses que levam a uma pessoa causadora
dos furtos. Mas talvez a empresa tenha que também pensar em hipóteses
diferentes. Por exemplo, mercadorias mal armazenadas, que se perdem dentro do
armazém. Ou então erros humanos de processo, fazendo com que mercadorias sejam
devolvidas aos fornecedores.
A síntese consiste em elaborar hipóteses (quem está
furtando, como e por que). Cada hipótese também será decomposta. Por exemplo,
pode-se formular hipóteses sobre a forma do ato, ou seja, com o processo
acontece (as etapas). Para tanto, pode-se usar o chamado senso comum, ou seja,
aquilo que é normalmente conhecido ou já sabido pela maioria das pessoas. São
conhecimentos
Newton usou este método para descobrir decomposição da luz
Por exemplo, ao encontrar o problema de transpor um rio,
podemos usar:
- Análise: pensar que uma ponte resolver o problema e regredir
na hierarquia de elementos para ir construindo cada nível;
- Síntese: a partir dos elementos disponíveis ou básicos,
como chegar a uma solução final (jogo de xadrez também é assim).
Passos:
1. Observação do fenômeno;
2. Resolução da complexidade: entender elementos, relações,
quantidades;
3. Hipótese explicativa;
4. Verificação da hipótese (experimentação);
Exemplo:
O fenômeno observado é que há produtos com estoque acima de
20% do estoque mínimo.
Resolver a complexidade seria analisar os componentes
sistêmicos desta situação, ou seja, o que está envolvido no caso. Com isto, a
empresa descobre quem são os compradores que estão tomando as decisões, de que
fornecedores estão sendo comprados estes produtos, quando compram (ritmo ou
irregularidade), onde estão sendo estocados e vendidos os produtos. A questão
de identificar os elementos envolvidos nem sempre é tão trivial. Em capítulo
adiante, discutiremos estas questões.
Pode-se usar um grafo para representar as relações entre
estes elementos. Por exemplo, quem compra de quais fornecedores (pode haver
preferências), para quais lojas ou armazéns (pode haver um padrão, mesmo que
aleatório, sem intenção consciente das pessoas).
Segundo Hempel (apud
Thomas Kuhn) há 3 fases na avaliação de hipóteses científicas:
1.
acumular observações, descrevendo status das
observações ou experimentos;
2.
verificar se estas observações confirmam,
contradizem ou são neutras em relação às hipóteses;
3.
decidir aceitar, rejeitar ou suspender
julgamento das hipóteses.
Para confirmar a teoria, é preciso gerar novas observações e
verificar se são verdadeiras. Um caso contrário contradiz a teoria e aí é
preciso refiná-la ou rejeitar toda a teoria.
Karl Popper afirma que não há como testar todas as hipóteses
possíveis. E mesmo um número pequeno de hipóteses talvez não valha a pena ou o
custo de serem testadas. Então costuma-se usar o que é mais provável até uma
nova quebra de paradigma.
Em relação às teorias imprecisas, o que fazemos em cada
momento da História é seguir pelas hipóteses mais prováveis. Pode acontecer de
não termos conhecimento suficiente ainda para determinar novas teorias. Foi o
que aconteceu com Ptolomeu, Copérnico, depois Newton, até a chegada de
Einstein. As teorias anteriores conseguiam descrever parte dos fenômenos, mas
não eram completas. Algumas exceções eram aceitas e a própria imperfeição da
teoria também. Isto em razão de não haver uma teoria mais completa e perfeita
(ver o livro de Thomas Kuhn).
A questão é que há muito conhecimento que não é
determinístico, ou seja, acontece em muitos casos (talvez a maioria) mas não em
todos. Para tanto, devemos usar conhecimento probabilístico e aceitar teorias
com um certo nível de confiança. Por exemplo, descobrir que 70% dos clientes
que compraram o produto X pagaram em 10 parcelas não se refere a todos os
casos, mas pode ser útil para a tomada de decisão.
Para uma asserção ser refutável ou falseável, em princípio
será possível fazer uma observação ou fazer uma experiência física que tente
mostrar que essa asserção é falsa.
Por exemplo, a asserção "todos os corvos são
pretos" poderia ser falseada pela observação de um corvo vermelho. A
escola de pensamento que coloca a ênfase na importância da falseabilidade como
um princípio filosófico é conhecida como a Falseabilidade.
Ex.: como provar que horóscopo não funciona ?
Se não existir um procedimento que permita provar isto, não
é uma "boa" teoria.
Se tiver como provar, e não se conseguir provar, a teoria
está correta.
Falsas teorias podem explicar praticamente tudo em seus
respectivos campos.
Ex.: a teoria marxista da história, a psicanálise, a
psicologia individual, astrologia.
Aristóteles considerava Zenão de Eleia o fundador da
dialética. Outros consideraram Sócrates. Para Platão a dialética é o único
caminho que leva ao verdadeiro conhecimento. Pois a partir do método dialético
de perguntas e respostas é possível iniciar o processo de busca da verdade. Em
sua Alegoria da Caverna, Platão fala da existência de dois mundos: o mundo
sensível e o mundo das ideias. Sendo o segundo alcançado apenas através da
dialética, da investigação de conceitos.
Segundo Hegel, primeiro existe a TESE, que é a ideia,
gerando uma ANTÍTESE, que se contrapõe à TESE, surgindo assim a SÍNTESE, que é
a superação das anteriores.
Se contrapõe ao método cartesiano de Descartes
Segundo Charles Sanders Peirce (1975): “a abdução é o processo para formar hipóteses explicativas. A dedução
prova algo que deve ser, a indução mostra algo que atualmente é operatório, já
a abdução faz uma mera sugestão de algo que pode ser. Para apreender ou compreender os fenômenos,
só a abdução pode funcionar como método. O raciocínio abdutivo são as hipóteses
que formulamos antes da confirmação (ou negação) do caso”.
A Dedução funciona assim:
Tendo a regra A ==> B (A implica em B), se A é
verdadeiro, então deduzimos B.
A Indução por sua vez é assim:
Tendo várias instâncias de A e B, induzimos a regra A ==>
B (se A, então B)
Já a Abdução é assim:
Tendo a regra A ==> B (se A, então B), Se B é um fato
comprovado, podemos abduzir (como hipótese) que A é verdadeiro e sua causa.
Que premissa está faltando para conclusão ser verdadeira e o argumento
(implicação entre premissas e conclusão) ser válido ? Devemos procurar pelas
premissas.Refinamento de ideias
Reframe é repensar o problema com outros esquemas,
pontos de vista, elementos, dados, contextos, regras, etc. Talvez o momento
Eureka dependa de vermos o problema com outros olhos, sem mesmo precisar mudar
as informações ou o contexto. Basta "pensar diferente".
Não se pode simplesmente ficar em cima de um problema usando
os mesmos paradigmas; o resultado será sempre o mesmo. Repensar tem que ser
"reformular". Por isto que quando temos um problema devemos sair do
ambiente, fazer outra coisa (ex. Arquimedes). Muitas vezes fazemos isto e
quando voltamos "enxergamos" a solução de primeira e pensamos:
"por que não vi isto antes ?"
Para reformular, temos que nos libertar das regras que estamos usando. Einstein,
Galileu e Darwin quebraram paradigmas.
Mas para isto, precisaram se libertar das teorias aceitas em suas épocas. Se
pensarmos que um problema só tem uma solução possível (ou caminho para a
solução), a tendência é tentar colocar os dados num esquema que leve por este
caminho. É por isto que muitas soluções aparecem em sonhos, porque quando
dormimos a parte do cérebro que dita regras e conexões lógicas está dormindo
também. Por isto é que sonhamos coisas estranhas, sem lógica. Mas é também o
que permite conectar diferentes matrizes e fazer associações novas (que
acordados não fazemos).
Uma sugestão é
utilizar esquemas diferentes para representação ou descrição do problema.
Podemos usar diagramas (esquemas visuais), textos, imagens em sequência (storytelling), planilhas e até mesmo
gravações de áudio (segundo a Neurolinguística, algumas pessoas retém melhor as
informações ouvindo, outras vendo, outras tocando, etc.).
Precisamos voltar,
tomar direções diferentes, usar dados diferentes, observar detalhes que talvez
não fossem considerados tão importantes, refazer as perguntas. Sair das
regras normais e hábitos, ver o que está escondido (hidden analogies). É justamente o contrário de usar analogias e benchmarking.
Recentemente, surgiu uma explicação possível para as pedras
(algumas com mais de 300 quilos) que se movem sozinhas no lago seco de
Racetrack Playa, no deserto de Mojave nos EUA. Elas deslizam pelo solo deixando
marcas bem visíveis atrás delas. O geólogo da NASA Ralph Lorenz acredita que as
rochas são movidas pela ação dos ventos e da água. Ele acredita que elas ficam
envoltas em gelo durante o inverno, então quando o leito do lago derrete e fica
lamacento, o gelo permite às pedras deslizar sobre o barro, impulsionadas pelos
ventos fortes do deserto.
Combinação de ideias ou recursos
Criar algo novo combinando o que já existe. Ver o post
anterior (Como
melhorar o fluxo de ideias).
Identificação de padrões que se repetem
Se o mundo e nossa vida não tivessem padrões, se não
houvesse repetições, como seria viver ? Acordar de manhã e não saber se vai
escurecer ou clarear. Levantar e não saber se devemos comer ou sair. Chegar na
rua e não saber o que significa o sinal vermelho. Não saber nem mesmo onde
procurar alimento. Tudo seria novidade.
A identificação de padrões é parte da nossa vida. A
descoberta de padrões iniciou há milhares de anos atrás. Nossos antepassados
conseguiam prever as variações do tempo, as estações, os ciclos das plantações,
as fases lunar e eclipses, e até mesmo o surgimento de reis. E hoje em dia não
é diferente. Quem não dá palpites sobre como será o tempo, se vai chover, fazer
sol, calor, observando as nuvens ? Ou se o próximo inverno será mais frio ou menos
frio do que o ano anterior, pelo que viu no outono ? Se um local público vai
lotar ou não para um evento, observando o movimento das pessoas chegando ? Ou
quantas pessoas há num concerto ao ar livre num parque público, lembrando o
último evento que ocorreu ali ? Mesmo algumas superstições são exemplos de
padrões, que acreditamos que irão se repetir. Numa entrevista de negócios, usar
a mesma roupa de um acontecimento bom. Sentar no mesmo lugar do último título
para torcer por seu time. Não quebrar espelho, pois quando isto ocorreu, um
evento de má sorte também ocorreu junto.
Vemos padrões no ambiente, no que vemos e sentimos e daí
criamos modelos para o clima, trânsito, estereótipos de pessoas, etc. Alguns
modelos mais completos que outros, alguns mais precisos, outros com mais
exceções. Vemos até mesmo padrões na nossa própria vida. Wolf (2010) relata uma
série de casos de pessoas analisando seus próprios dados. Como o cara que
descobriu estatisticamente que café não ajudava na concentração dele (ele acreditava
no contrário, mas fez experimentos e descobriu um novo padrão, mais exato).
A classificação é um instinto do ser humano. Tentamos
colocar tudo em grupos (pessoas, produtos, eventos, animais, plantas, etc.).
Mesmo num texto como este, as informações estão agrupadas. Acreditamos que
podemos reduzir tudo a um modelo único ou a poucas regras. Esta é a busca
eterna dos físicos, para entender a Natureza e o Universo. Einstein acreditava
que há uma ordem na desordem, mas que os padrões ainda devem ser
descobertos.
A classificação facilita nosso entendimento do mundo e
agiliza nossa tomada de decisão. Os padrões servem para minimizar a incerteza.
Se encontramos uma situação nova e verificamos que ela se encaixa num padrão já
entendido, já sabemos que atitudes tomar naquela situação. Este é um dos
conceitos de inteligência: saber adaptar-se a novas situações e conseguir
resolver problemas novos. Isto não significa que vamos usar exatamente as
mesmas ações. A inteligência humana pressupõe a adaptação dos padrões para
novas realidades.
A melhor forma de entender um conjunto de dados é
estabelecer um modelo para ele. O modelo explicaria as características comuns
aos dados, as relações entre os dados, as relações de causalidade e influência
ao longo do tempo. O ser humano busca padrões no seu contexto porque se sentirá
mais parte do contexto e menos um alienígena. É como uma necessidade humana,
para não ficarmos loucos. O que não se encaixa nos nossos padrões, como por
exemplo eventos paranormais, acabamos considerando como bruxarias.
Para mais sobre este assunto, ver a parte introdutória do
meu livro sobre BI (pode
baixar grátis aqui).
Ideias vindas de sonhos
Kekulé sonhou com um cobra mordendo o seu próprio rabo (da
cobra) e descobriu a molécula do Benzeno. Paul McCartney sonhou com a melodia
de Yesterday (veja o filme
“A Origem / The insertion ” com Leonardo de Caprio). Sim os sonhos podem nos
ajudar a resolver problemas ou encontrar soluções criativas.
A Revista INFO de Janeiro de 2012 fez uma brilhante
reportagem sobre a importância dos
sonhos para encontrar respostas para problemas, curar depressão, superar
pesadelos, criatividade, etc.
Segundo esta reportagem, na parte de sono profundo, a área
frontal do cérebro realiza menos atividades. Justamente a área que é responsável
pela razão e julgamento. Isto gera menos censura e rigidez de pensamento, bem
como não nos limita às regras e normas do cotidiano. É por isto que sonhamos
"coisas loucas" que por exemplo extrapolam leis da Física.
Mas seria possível direcionar ou controlar os sonhos para nos
ajudar a resolver problemas. Este artigo da Scientific Amercian diz que sim.
A reportagem da Revista Info sugere alguma técnicas, que
devem ser utilizadas antes de dormir:
• Pensar
na situação antes de deitar (imagens podem ajudar);
• Na
cama, tentar visualizar o problema como um objeto;
• Pensar
que vai sonhar com a solução;
• Quando
acordar, tente lembrar do que sonhou;
• Papel
e caneta ao lado da cama ajudam a anotar soluções durante a noite.
Imaginação - os visionários
A imaginação não tem limite e por isto pode ser uma boa
fonte de conhecimento para solucionar problemas ou criar algo novo. Ela
consiste em pensar ou ver o que não existe ainda.
Júlio Verne é um dos autores
mais criativos até hoje lembrado. Ele imaginou o Submarino (no
livro “20.000 léguas submarinas”). Previu em 1863 que
Paris (em 1960) teria ar condicionado, TV, elevadores, trens, automóveis a
gasolina, máquinas de fax e algo parecido com Internet (livro "Paris no
Século XX"). Em 1865, no livro "Da Terra à
Lua" (“From the Earth to the Moon”), previu detalhes da missão para a Lua
(tamanho da cápsula, local do lançamento perto do Cabo Canaveral, número de
astronautas, tempo total da viagem, perda de peso na lua, e a volta caindo no
oceano). Além de ter sido pioneiro em invenções como energia
nuclear, arma elétrica. Ele também usava outros processos cognitivos
tais como imitação e combinação, pois frequentava feiras de
ciência e inovação para ter ideias (o submarino, por
exemplo, foi visualizado como um veículo que voava com hélices).
Isaac Asimov
imaginou um mundo com robôs inteligentes e daí os problemas
sociais decorrentes da mistura pessoas + máquinas. H.G.Wells
escreveu livros de ficção científica famosos como guerra dos mundos
(1898), máquina do tempo (1895), homem invisível (1897).
Philip K. Dick
também tem uma vasta lista de livros famosos que influenciaram filmes como Blade
Runner - O Caçador de Andróides; Total
Recall (O Vingador do Futuro); Minority Report - A
Nova Lei; O Vidente (com Nicholas Cage);
Agentes do Destino, O Pagamento).
Também não posso deixar de citar outros
autores de ficção que influenciam até hoje inovações, tais como Arthur
C. Clarke (2001 uma odisséia no espaço; 2010
o ano em que faremos contato); Mary Shelley (Frankenstein);
Aldous Huxley (Admirável mundo novo); Eugene
Wesley Roddenberry (Série Star Trek).
E há os cientistas visionários que
usaram a imaginação mais que o conhecimento, tais como Leonardo Da Vinci, Benjamin Franklin, Thomas Alva
Edison, Nikola Tesla,
Santos Dumont e Isaac Newton.
Fazer as perguntas certas, procurar causas
O que diferenciou Darwin de outros pesquisadores que
acreditavam e estudavam a teoria da evolução foi que conseguiu provar a teoria
com o seu porquê e como. Mas para isto, ele precisou fazer as perguntas certas.
Neste caso, por que as espécies evoluíam e como (origem das modificações e como
passavam entre as gerações).
O começo é sempre com hipóteses. Segundo Darwin, "ninguém pode ser bom observador se não tiver uma teoria antes".
É preciso direcionar o foco da observação, porque pode haver muita
informação.
Isto não significa
apaixonar-se pela teoria e não enxergar outros caminhos. Darwin mesmo tinha
algumas teorias iniciais (vindas de Lamarck) que acabou refutando com suas
descobertas.
Fazer as perguntas certas significa coletar e armazenar os
dados certos, ou seja, já ter algumas hipóteses do que pode ser a causa ou o
que pode influenciar. Se a causa para quebras de máquinas é a temperatura
ambiente, então temos que coletar estes dados e inseri-los na base de dados
para depois poder utilizar as técnicas de análise com ajuda de software. Se
esta for a causa e tais dados não estiverem na base, ou não descobriremos nunca
a causa ou então estaremos calcados em descobertas enganosas.
Detalhes podem fazer a diferença. O ser humano tem a
tendência de analisar o que é comum, mais frequente, o que aparece mais. É
assim com a moda. Ninguém dá atenção para um tipo de acessório que só uma
pessoa usa. Se vários estiverem usando o mesmo estilo, isto chama a atenção das
pessoas comuns. Entretanto, num processo de descoberta ou investigação, os
pequenos sinais podem ser muito úteis. Pergunte a um investigador policial.
Então, num primeiro momento nada deve ser descartado. Todos os dados possíveis
devem ser coletados e analisados. Todos os caminhos devem ser considerados. E
várias hipóteses iniciais devem ser construídas.
Descobrir as hipóteses iniciais é um processo de tentativa e
erro. Podemos acelerar com analogias e benchmarking. Mas talvez seja necessário
fazer o processo de descoberta, analisar padrões ou causas possíveis, gerar
hipóteses, testá-las com casos reais e aí refazer tudo de novo.
Visão Holística
Significa a "Visão do Todo", ver todos os
elementos e suas relações. Isto ajuda a entender como o todo (problema) está
composto e pode ajudar a direcionar o foco ou mesmo ver detalhes pouco
percebidos.
Procure observar as interações, não só estabelecendo as
conexões entre os elementos mas entendendo que tipo de conexão existe. X pode
estar conectado a Y por ser sua causa, mas pode estar conectado a Z por que são
ideias contrárias e pode estar conectado a W por outra razão diferente. Não
estabeleça regras de tipos de conexões, não fique preso a paradigmas, tenha
mente aberta.
Os gregos só conseguiram entrar em Troia porque estudaram o
povo troiano. Se tivessem visto o todo (problema) somente como uma
cidade-fortaleza com muros altos, poço de fogo, portão forte e guerreiros,
estariam até hoje tentando entrar. A ideia do Cavalo de Troia veio porque eles
entenderam que o problema incluía o povo troiano, e este detalhe fez a
diferença. Eles descobriram que o povo troiano era supersticioso, muito
religioso e acreditavam em presentes dos deuses. Daí veio o insight da solução.
Visão holística também tem a ver com Sinergia (o todo é
maior que a mera soma das partes). Se ao analisar a molécula de água (H2O),
observássemos os elementos hidrogênio e oxigênio em separado, não saberíamos
que o estado natural da água é líquido. Quando os elementos de um todo
interagem entre si, formam um sistema complexo que pode levar a resultados
imprevisíveis.
Só listar os elementos não é suficiente; temos que entender
as relações entre eles.
Transmissão de Conhecimento e Inteligência entre Gerações
Uma dúvida sobre a evolução das espécies é se os caracteres
adquiridos passam de geração para geração. Lamarck acreditava que sim. Darwin
no início também.
A Pangênese foi uma teoria proposta pelo filósofo grego
Hipócrates, aproximadamente 410 anos a.C., e aceita até o século XIX para
explicar a hereditariedade dos caracteres (inclusive dos adquiridos). Segundo
esta teoria, todas as partes do organismo produziam partículas denominadas
"gêmulas" que eram direcionadas para as células germinativas. Durante
a reprodução sexuada, havia a mistura das partículas provenientes do macho e da
fêmea produzindo um novo organismo com características de ambos os progenitores.
De acordo com a pangênese, a modificação do organismo
durante a vida provocava alterações nas gêmulas e, consequentemente, poderiam
ser transmitidas para as gerações seguintes. Por exemplo: o aumento de um
músculo através do uso repetido poderia passar para os filhos da pessoa.
Gregor Mendel comprovou que caracteres adquiridos não passam
(não há trocas das células somáticas para células germinativas). O que vale é a
transmissão por genes + seleção natural (com mecanismos como mutação,
combinação, etc.)
Há uma reportagem da revista Superinteressante sobre passar
inteligência de pai para filho. Ver em http://super.abril.com.br/ciencia/tal-pai-tal-filho-443509.shtml.
Mas até hoje há muita discussão sobre isto e alguns
pesquisadores já apontaram a possibilidade de parte da memória poder passar por
gerações (aquela estranha sensação de déjà vu). Outra reportagem
da mesma revista discute esta sensação: "A tese é que essas mentes
acessam as lembranças na mesma fração de segundo em que elas são gravadas. E
isso causa uma ilusão perene: o presente fica parecendo uma memória. É como se
você vivesse o tempo todo no seu passado."
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Um comentário:
Muito interessante, Stanley!
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